quarta-feira, 25 de março de 2015

Jovem fora da escola é homem, negro, pobre e mora no campo


Crianças e adolescentes fora da escola somam 3,8 milhões; foto acima faz parte de projeto que mostra condições da escola pública

Mais de 3,8 milhões de brasileiros entre 4 e 17 anos estão fora da escola. Esse jovem é, em sua maioria, homem negro com renda domiciliar de até ½ salário mínimo per capita e mora na zona rural. Seus pais não têm instrução ou não completaram o ensino fundamental.

As informações foram obtidas nos microdados do Censo Demográfico de 2010 e compiladas no estudo "O enfrentamento da Exclusão Escolar no Brasil", da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, apresentado nessa segunda-feira (27) no 6° Fórum Nacional Extraordinário da Undime (União dos Dirigentes Municipais de Educação).

"Os mais excluídos da escola são aqueles historicamente excluídos de toda a sociedade. Não será só a educação quem vai dar conta dessa questão, precisa-se de políticas articuladas de diferentes esferas para dar conta desse problema", afirma a representante da Unicef no Brasil Júlia Ribeiro.

Fora da escola: perfil
  • 51,7% é homem
    entre as crianças fora da escola com idades entre 4 e 5 anos
  •  
  • 50,7% é homem
    entre os jovens fora da escola com idades entre 15 e 17 anos
  • 55,4% é negro
    entre as crianças fora da escola com idades entre 4 e 5 anos
  •  
  • 61,2% é negro
    entre os jovens fora da escola com idades entre 15 e 17 anos
  • 65,5% tem renda per capita domiciliar inferior a meio salário mínimo
    entre as crianças fora da escola com idades entre 4 e 5 anos
  •  
  • 52,9% tem renda per capita domiciliar inferior a meio salário mínimo
    entre os jovens fora da escola com idades entre 15 e 17 anos
  • 77,8% tem pais sem instrução ou com fundamental incompleto
    entre as crianças fora da escola com idades entre 4 e 5 anos
  •  
  • 64,3% tem pais sem instrução ou com fundamental incompleto
    entre os jovens fora da escola com idades entre 15 e 17 anos
Fonte: Unicef e Campanha Nacional pelo Direito à Educação
Júlia afirma que as soluções são diversas conforme as barreiras identificadas em cada caso, que podem ser o transporte escolar, a falta de vagas, a repetência, entre outras. Ela destaca ainda a necessidade de políticas específicas voltadas a crianças de área rural, deficientes, indígenas e quilombolas. 


Ensino infantil e médio são principais desafios

A faixa etária entre 4 e 5 anos é a com mais baixa frequência à escola (80,1%). Nessa fase, o desafio ainda é de universalização do ensino. Os municípios têm até 2016 para colocar toda criança nessa idade dentro do sistema escolar.

Alvo de políticas específicas há mais tempo, as faixas entre 6 e 10 anos e entre 11 e 14 anos têm os maiores índices de frequência escolar, 97,2% e 96,1% respectivamente.

Entre os adolescentes de 15 a 17 anos, há 1,7 milhão de jovens fora da escola. A faixa, que deveria equivaler ao ensino médio, tem frequência escolar de 83,3%.

Crianças fora da escola
  • 1.154.572
    das crianças têm entre 4 e 5 anos
  •  
  • 439.578
    têm de 6 a 10 anos
  • 526.727
    têm de 11 a 14 anos
  •  
  • 1.725.232
    têm de 15 a 17 anos
Fonte: IBGE
O Censo mostra que, nessa idade, há uma pressão do mercado de trabalho sobre os estudantes que pode tirá-los da escola. Em 2010, 30,2% dos jovens dessa faixa etária tinham uma ocupação.

Os dados sobre os jovens dessa idade fora da sala de aula mostram também que há uma predominância do abandono escolar entre os mais pobres: 21,1% dos adolescentes de famílias com renda per capita abaixo de ¼ de salário mínimo estavam fora da escola em 2010.

"Se você vai trabalhar com adolescentes, vai perceber que há uma questão que são os jovens que trabalham. E de que forma a escola acolhe esse adolescente que trabalha? De que forma o currículo dela considera a realidade deste aluno? Muitas vezes a escola planeja um trabalho que não é para esse aluno real", critica.

Plataforma de consulta

Também foi lançado no evento o portal do Fora da Escola Não Pode (www.foradaescolanaopode.org.br), ferramenta em que poderão ser acessadas informações sobre quantas crianças, em que faixa etária, de qual cor e sexo estão fora da escola em cada município.

"É essencial que os sistemas municipais e estaduais saibam quem são as crianças fora da escola para encontrar maneiras de atraí-las para a rede, estratégias de inserção. Em geral, são crianças mais vulneráveis socialmente, com deficiência, ou dificuldade de acesso à escola", considera Cleuza Repulho, presidente da Undime. 

Fonte: http://educacao.uol.com.br/noticias/2014/05/28/jovem-fora-da-escola-e-homem-negro-pobre-e-mora-no-campo.htm, acessado em 25/03/2015.

quinta-feira, 19 de março de 2015

A IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA

por Gustavo Bertoche

Ao ter contato pela primeira vez com a Filosofia no ensino médio, muitos jovens fazem a pergunta: “Filosofia para quê?” – e essa pergunta é realmente fundamental. Afinal, para que estudamos Filosofia?

A Filosofia é um dos campos de estudos mais antigos (pois surgiu no século VI a.C.), mas não se resume à discussão das ideias da Antiguidade. Na verdade, a filosofia está mais viva do que nunca: em nenhum tempo houve tantos filósofos produzindo Filosofia inovadora e de qualidade quanto em nossa época.

Deve haver uma boa razão para a Filosofia ser praticada ininterruptamente há vinte e cinco séculos. Nenhuma atividade humana permanece por tanto tempo, a não ser que tenha alguma utilidade na vida das pessoas.

Mas aparentemente a Filosofia não tem utilidade: com ela, não fazemos casas, barcos ou roupas; não produzimos alimentos nem remédios para o corpo; não criamos poemas, não pintamos quadros para nosso deleite.

Então, qual é a utilidade da Filosofia?

A Filosofia é útil para os que querem conhecer a si mesmos e entender de onde surgem as ideias que estão em sua mente; para os que têm interesse em questionar os fundamentos das ciências, da política, da arte, da religião…; para os que têm necessidade de encontrar uma resposta às perguntas: “qual o sentido da vida?”, “qual o sentido do universo?”, “qual o sentido de tudo?”.

E a Filosofia tem respostas para essas questões? Mais do que fornecer respostas prontas, a Filosofia sugere caminhos possíveis e coerentes: caminhos que podem ser seguidos por qualquer um, desde que se disponha a utilizar a sua razão, e que conduzem a uma análise crítica das atitudes e das práticas adotadas em sua própria vida.

Não há momento mais propício para se engajar na prática filosófica do que a juventude. A partir do questionamento e da redefinição do que é realmente importante em sua vida, o jovem pode adquirir maturidade e planejar, com mais clareza, o seu próprio amanhã.

Finalmente, a pergunta: “para que a Filosofia?” tem uma resposta: a Filosofia é o conhecimento mais útil para construir o futuro.

Fonte: http://oficinadefilosofia.com/2013/07/27/a-importancia-da-filosofia/